Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE
- Reunião anual da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica, Lisboa 11 e 12 de Novembro de 2016 (comunicação oral)
Introdução/Objetivos: a hipospádias é das malformações mais frequentes em pediatria, sendo a sua forma proximal pouco frequente e complexa. Assim e por não ser um tema consensual na literatura, elaborou-se um estudo retrospetivo visando caracterizar a experiência na abordagem cirúrgica da hipospádias proximal de uma unidade de Urologia Pediátrica, num hospital terciário.
Metodologia: reviram-se diários clínicos online de doentes com o diagnóstico de hipospádias submetidos a intervenção cirúrgica de Junho de 2010 a Junho de 2015. Desses foram identificados 40 doentes com o diagnóstico de hipospádias proximal. Onze foram retirados do estudo por informação insuficiente. Dos 29 remanescentes identificaram-se: idade na altura da cirurgia, plano operatório, complicações e sua abordagem, número de cirurgias devido a complicação por cada caso e estado cirúrgico à data da última consulta.
Resultados: 89,7%(n=26) apresentaram idade >18 meses à data de primeira intervenção: 51,7%(n=15) ortoplastia, 31%(n=9) ortoplastia e uretroplastia com meato coronal e 17,2%(n=5) ortoplastia e uretroplastia com meato distal. Registaram-se complicações em 34,5%(n=10) dos casos, sendo as mais frequentes o recurvatum residual (40%) e a deiscência de ferida de uretroplastia (30%). O número de cirurgia devido a complicação por caso foi de: 1 cirurgia 77,8%(n=14), 2 cirurgias 16,7%(n=3), 3 cirurgias 5,6%(n=1). As complicações mais frequentes foram fístula 57,1%(n=8) e deiscência 42,9%(n=6) no segundo tempo operatório e deiscência 28,6%(n=4) e fístula 21,4%(n=3) no terceiro. 24,1%(n=7) aguardam resolução primária e 27,6%(n=8) aguardam resolução de complicação.
Conclusões: as taxas de complicação deste estudo vão de encontro com o descrito na literatura, contudo consideramos ser importante reduzir a morbilidade dos doentes com esta complexidade. A adequada caracterização dos doentes e um estudo prospetivo que compare técnicas utilizadas, poderá ajudar no esclarecimento de qual será melhor abordagem cirúrgica. Salvaguardamos contudo que poder-se-á rever as idades à data da primeira intervenção.
Palavras-chave: urologia pediátrica, hipospádias