1- Unidade de Infecciologia, Departamento de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
2- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
3- Serviço de Neurologia Pediátrica, Departamento de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
17º Congresso Nacional de Pediatria, 2-4/11/2016, Porto (poster)
Acta Pediátrica Portuguesa Vol.47, Suplemento, Novembro 2016 (resumo)
Introdução: O virus pandémico influenza A H1N1/2009 tem causado um número considerável de casos graves e/ou fatais, mais de 25% em indivíduos previamente saudáveis.
Descrição de Caso: Rapariga de 13 anos com síndrome gripal, internada por hipoxémia (SpO291%) com agravamento clínico e radiológico e evolução para insuficiência respiratória aguda e ARDS. Verificou-se deterioração do quadro com critérios de syndrome de choque toxico (febre ≥38,9ºC, hipotensão, falência multiorgão – pulmonar, hematológico, renal e hepático - e descamação palmo-plantar tardia. Na hemocultura isolou-se Staphylococcus aureus meticilino-sensível. A PCR foi positiva para influenza A H1N1/2009. Medicado vancomicina, clindamicina (19dias) e oseltamivir (7mg/kg/dia) (12dias) esteve sob ventilação mecânica invasiva (13dias) e suporte aminérgico (7dias). Na 4ª semana de doença surgiu diminuição da força muscular e hiperalgesia dos membros inferiores. A punção lombar apresentava dissociação albumino-citológica e EMG era compatível com neuropatia axonal de predomínio motor. Realizou imunoglobulina 400mg/Kg/dia (5 dias) com melhoria muito lenta do quadro neurológico. Na alta (D48) apresentava atelectasias, pneumatocelos e bronquiectasias (anexo) e sequelas neurológicas com necessidade de reabilitação física e terapêutica com gabapentina, amitriptilina e diazepam. Após 6 meses já sem dor, tinha ainda EMG com mononeuropatia grave do nervo grande ciático direito sem evidência de reinervação.
Comentários / Conclusões: A gripe não é sempre uma doença benigna. A síndrome de choque tóxico estafilocócico e síndrome de Guillain-Barré são complicações raras mas possíveis mesmo em doentes sem factores de risco. Deve a vacinação ser só para grupos de risco?
Palavras Chave: Gripe A H1N1/2009, síndrome do choque tóxico estafilocócico, síndrome de Guillain-Barré, vacinação contra a gripe