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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ESPLENECTOMIA PARCIAL COMO TRATAMENTO DE ELEIÇÃO DOS QUISTOS DO BAÇO

Ema Santos, Sofia Ferreira de Lima, Sofia Morão, Rafaela Murinello, Cristina Borges, João Pascoal

Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;

- Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica, Lisboa, 2016 (comunicação oral)

Introdução: Os quistos esplénicos são raros. Com base na presença de epitélio são classificados em primários ou secundários (pseudoquistos). Os primários podem ser parasitários ou não-parasitários, segundo a sua etiologia. Na população pediátrica ocidental, os quistos primários não-parasitários epiteliais são os mais comuns, com uma taxa de incidência inferior a 0,1%. A apresentação clínica é inespecífica, podendo variar desde assintomática até à manifestação como uma complicação: hemorragia, infeção ou rotura do quisto. Quistos superiores a 5 cm, sintomáticos ou com crescimento progressivo requerem tratamento cirúrgico. No passado o tratamento consistia na esplenectomia total, com risco associado acrescido de sépsis, motivo pelo qual, atualmente, existe preferência pelas técnicas conservadoras do baço.
Métodos: Análise retrospetiva dos quistos esplénicos submetidos a esplenectomia parcial entre janeiro de 2014 e setembro de 2016.
Resultados: No período do estudo foram encontrados 4 casos de quistos esplénicos tratados por esplenectomia parcial. Os pacientes eram predominantemente do sexo feminino (75%), com idades entre os 6 anos e os 17 anos. A apresentação clínica foi variável: achado ecográfico incidental com subsequente crescimento progressivo; recidiva do quisto esplénico pós-marsupialização; dor abdominal referida aos quadrantes esquerdos; hemoperitoneu por rotura de quisto esplénico. Todos os casos cumpriam critérios para tratamento cirúrgico, tendo sido submetidos, com sucesso, a esplenectomia parcial. Em apenas um foi utilizada a técnica minimamente invasiva. Não houve outras complicações pós-operatórias além de um caso com hematoma residual, reabsorvido completamente durante o follow-up. Em todos, quisto epitelial esplénico foi o diagnóstico histopatológico.
Conclusão: A esplenectomia parcial é eficaz no tratamento dos quistos esplénicos epiteliais garantindo a remoção completa do quisto e redução do risco de recorrência, assim como a preservação da função imunológica do baço pela conservação de, pelo menos, 25% do seu parênquima. A cirurgia por via laparoscópica pode ser segura se realizada por um cirurgião experiente.

Palavras-chave: quisto do baço; esplenectomia parcial