Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
- Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica, Lisboa, 2016 (comunicação oral)
Introdução: Os quistos esplénicos são raros. Com base na presença de epitélio são classificados em primários ou secundários (pseudoquistos). Os primários podem ser parasitários ou não-parasitários, segundo a sua etiologia. Na população pediátrica ocidental, os quistos primários não-parasitários epiteliais são os mais comuns, com uma taxa de incidência inferior a 0,1%. A apresentação clínica é inespecífica, podendo variar desde assintomática até à manifestação como uma complicação: hemorragia, infeção ou rotura do quisto. Quistos superiores a 5 cm, sintomáticos ou com crescimento progressivo requerem tratamento cirúrgico. No passado o tratamento consistia na esplenectomia total, com risco associado acrescido de sépsis, motivo pelo qual, atualmente, existe preferência pelas técnicas conservadoras do baço.
Métodos: Análise retrospetiva dos quistos esplénicos submetidos a esplenectomia parcial entre janeiro de 2014 e setembro de 2016.
Resultados: No período do estudo foram encontrados 4 casos de quistos esplénicos tratados por esplenectomia parcial. Os pacientes eram predominantemente do sexo feminino (75%), com idades entre os 6 anos e os 17 anos. A apresentação clínica foi variável: achado ecográfico incidental com subsequente crescimento progressivo; recidiva do quisto esplénico pós-marsupialização; dor abdominal referida aos quadrantes esquerdos; hemoperitoneu por rotura de quisto esplénico. Todos os casos cumpriam critérios para tratamento cirúrgico, tendo sido submetidos, com sucesso, a esplenectomia parcial. Em apenas um foi utilizada a técnica minimamente invasiva. Não houve outras complicações pós-operatórias além de um caso com hematoma residual, reabsorvido completamente durante o follow-up. Em todos, quisto epitelial esplénico foi o diagnóstico histopatológico.
Conclusão: A esplenectomia parcial é eficaz no tratamento dos quistos esplénicos epiteliais garantindo a remoção completa do quisto e redução do risco de recorrência, assim como a preservação da função imunológica do baço pela conservação de, pelo menos, 25% do seu parênquima. A cirurgia por via laparoscópica pode ser segura se realizada por um cirurgião experiente.
Palavras-chave: quisto do baço; esplenectomia parcial