1. Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
2. Unidade de Gastroenterologia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;;
- XXXVI Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, 07-09/10/2016, Lisboa (Poster)
Introdução: De acordo com as guidelines atuais, a abordagem terapêutica da esofagite eosinofílica (EoE) preconiza em primeira linha, a par da dieta de evicção alimentar, o uso de corticosteroides tópicos (CST). A dose utilizada varia nos diferentes estudos, não sendo consensual a dose mínima eficaz. Apresentamos um estudo retrospetivo dos doentes com EoE que realizaram terapêutica com CST.
Métodos: Foi efetuada uma análise retrospetiva dos doentes com diagnóstico de EoE que realizaram tratamento com CST (proprionato de fluticasona [PF] 500 mcg 2id, administrado por inalador pressurizado durante mínimo de 3 meses) de 2006 a 2015, inclusive. Avaliou‐se a eficácia terapêutica, definida como resolução clínica e histológica da EoE, bem como a evolução da doença tendo em conta a interrupção ou manutenção do tratamento com CST.
Resultados: Foram analisados 53 doentes acompanhados em consulta. A mediana foi de 8 anos (mínimo: 0,5 anos, máximo: 15 anos), 79% (n=42) eram do sexo masculino e 69% atópicos (n=39). Dos 47 doentes com follow‐up, verificou‐se resolução em 44 (93%). Nos doentes em que o tratamento foi suspenso e foi realizado follow‐up (n=33) verificou‐se recidiva em todos. Em 10 doentes foi tentada redução da dose diária de CST, com controlo clínico e histológico em 7, nomeadamente nas doses de PF 500 mg/dia (n=4) e de 250 mg/dia (n=3). Observou‐se recidiva em 3 doentes com PF 500 mcg/dia, motivando re‐escalada terapêutica com resolução.
Conclusão: A eficácia do uso de CST para tratamento da EoE é elevada, contudo, é de salientar a elevada taxa de recidiva após a sua suspensão. Nos doentes que mantiveram tratamento com CST foi possível reduzir a dose em 70% dos casos, mantendo‐se o controlo da EoE. No tratamento da EoE com CST dever‐se‐á avaliar a dose mínima eficaz para o seu controlo, o que permitirá redução o risco de eventuais efeitos secundários e maior comodidade posológica para o doente.
Palavras-chave: esofagite eosinofílica, corticoterapia tópica