1 - Interna de Formação Específica da Especialidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa;
2 - Consultor de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Clínica da Encarnação, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa.
- XXVII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência – Histórias de Vida, Percursos de Sobrevivência: do(s) Risco(s) ao(s) Projeto(s), de 18 a 20 de Maio de 2016 (Poster).
Introdução: Na última década, tem-se verificado um aumento do interesse no da prevalência de psicopatologia de acordo com a idade e mudanças dessa prevalência ao longo do desenvolvimento. Nessa perspectiva longitudinal, distinguem-se a continuidade homotípica e heterotípica da psicopatologia. Os autores iniciaram um estudo longitudinal a cinco anos com o objectivo de caracterizar a psicopatologia num grupo de crianças no final da segunda infância, observar a dinâmica evolutiva da psicopatologia depois da transição para a adolescência e estudar o papel de potenciais mediadores dessa evolução.
Objectivos: Apresentação do projecto de investigação que visa comparar os diagnósticos das crianças com idades entre os 9 e os 10 anos, observadas em 1ª consulta de Pedopsiquiatria na Clínica da Encarnação, entre Novembro de 2015 e Outubro de 2016, com os diagnósticos obtidos ao fim de 5 anos. Determinar a existência de continuidades homotípica e heterotípica da psicopatologia.
Métodos: Estudo prospectivo a 5 anos, longitudinal. Fase de recrutamento: 1 de Novembro de 2015 a 31 de Outubro de 2016. Critérios de inclusão: crianças atendidas em 1ª consulta de Pedopsiquiatria na Clínica da Encarnação com idades entre os 9 e os 10 anos. O registo é feito a partir do preenchimento, na primeira consulta, de um formulário com dados clínicos considerados de interesse para o estudo.
Resultados: Os resultados apresentados neste trabalho referem-se aos primeiros 5 meses do estudo. Amostra: 36 crianças, 56% (n=20) das crianças são do género masculino. A tipologia de família nuclear está representada em 47% (n=17) dos casos, seguida da família reconstruída (25%, n=9). 22% (n=16) dos pais têm psicopatologia, destes há 2 casais com psicopatologia e 8 pais em que apenas um tem psicopatologia. Nenhum dos pais foi encaminhado para seguimento psiquiátrico. Os problemas do comportamento são responsáveis por 33% (n=12) das vindas à consulta de pedopsiquiatria, seguido de dificuldades de aprendizagem em 31% (n=11). 22% (n=8) da amostra tem diagnóstico de perturbação de ansiedade e 19% (n=7) têm diagnóstico de perturbação de aprendizagem. 39% (n= 14) dos casos foram medicados, 36% (n=13) beneficiaram de apoio psicoterapêutico e 30% (n=11) foram abrangidos ao Decreto-Lei 3/2008.
Discussão e Conclusão: O estudo das associações entre a psicopatologia da infância e da adolescência é de extrema importância na clarificação da evolução natural das perturbações psiquiátricas. Os resultados finais do estudo serão apresentados em Novembro de 2020. Os dados obtidos poderão ser importantes no planeamento de estratégias preventivas e de intervenção numa fase precoce da doença. Da análise estatística efectuada até ao presente, pode concluir-se que há necessidade de reforçar o apoio parental, devido ao elevado número de psicopatologia dos pais.
Palavras-chave: continuidades e descontinuidades homotípica e heterotípica da psicopatologia, segunda infância, adolescência.