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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DOENÇA DE KAWASAKI, QUANDO A CLÍNICA NÃO SUGERE

Mafalda Crisostomo1, Catarina Gouveia1, Luis Varandas1

1- Unidade Infecciologia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;

2º Congresso Área Pediatria Médica – “A Peça que faltava”; 23 – 24 Junho, 2016 – Fontana Park Hotel, Lisboa

Introdução: A Doença de Kawasaki (DK) é uma vasculite aguda e auto-limitada, de etiologia desconhecida. Constitui a segunda causa mais comum de vasculite na infância, a seguir à Púrpura Henoch-Schonlein, e apesar de auto-limitada, complicações como aneurismas das artérias coronárias podem ocorrer, condicionando morbilidade e mortalidade. A doença incompleta ou atípica, nem sempre é fácil de reconhecer, sendo necessário um elevado índice de suspeição, para evitar sequelas cardiovasculares,
Relato de caso: Lactente 5 meses, internado por suspeita de artrite séptica da anca esquerda. Dos antecedentes destacava-se prematuridade (34s) e internamento de D7 a D60 de vida, por sépsis neonatal tardia complicada de osteomielite do sacro por Staphylococcus aureus meticilino- resistente. Transferida para Hospital Dona Estefânia por febre com 11 dias de evolução, dor e limitação da mobilização da anca esquerda. A ecografia mostrou derrame articular de características não puras. Iniciou antibioterapia dupla e foi submetida a artrocentece em D16 e D18 de doença. Em D21 mantinha febre e artrite, sem exantema, conjuntivite ou alterações das extremidades. Analiticamente tinha PCR 138, VS >120 e os exames culturais, hemocultura e cultura do liquido articular eram negativos. Dos exames realizados a salientar RNM que mostrou subluxação femoral esquerda e confirmou artrite coxo-femoral do mesmo lado. A avaliação por cardiologia revelou aneurismas complexos e múltiplos, com componente de pericardite, sugestivo de DK. Fez imunoglobulina e iniciou AAS, com apirexia às 24 horas. Manteve enoxiparina durante 24 meses, quando se constatou regressão completa dos aneurismas.
Conclusões: As lesões das artérias coronárias são as complicações mais temidas da DK, ocorrendo em aproximadamente 15-25% das crianças não tratadas. Por outro lado, artrite não faz parte dos critério de diagnóstico, contudo, pode estar presente em 7,5-25% das crianças com DK. Neste caso a sintomatologia pouco específica não ajudou ao diagnóstico, pelo que a terapêutica foi tardia e poderá ser questionada.

Palavras Chave: Doença de Kawasaki, artrite, aneurismas coronários.