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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DOENÇA BIPOLAR? DESDE QUANDO?!

Rita Gameiro1, Ivo Peixoto1

1. Médico Interno de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central – EPE, Lisboa

- Seminário de Doenças Afectivas, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Abril 2016 (comunicação oral)

Introdução: Apesar de historicamente considerada rara em idade pediátrica, a doença bipolar vem sendo um diagnóstico cada vez mais usado nesta faixa etária. A aplicabilidade dos critérios diagnósticos, porém, permanece polémica entre os profissionais de saúde mental. Levantam-se questões relacionadas com o adiamento da intervenção farmacológica específica nos casos em que o diagnóstico não é equacionado em idade pediátrica; ou, por outro lado, com o risco de estigmatização social por diagnóstico de doença mental em idade precoce e consequente investimento na intervenção farmacológica em detrimento de intervenções ambientais e psico-educacionais.
Metodologia: Esta revisão foi feita pela análise da informação científica actual disponível sobre doença bipolar em idade pediátrica, disponível em bases de dados académicas e publicada em língua inglesa. Foram incluídos estudos quantitativos e qualitativos sobre o tema.
Resultados e Discussão: Foi sintetizada informação sobre doença bipolar em idade pediátrica nas seguintes categorias: 1) dados epidemiológicos, 2) caracterização clínica, 3) desafios de avaliação clínica em idade pediátrica, 4) história natural da doença, 5) co-morbilidades, 6) diagnóstico diferencial, e 7) abordagens terapêuticas. Encontram-se 2 correntes de compreensão distintas sobre a história da evolução da doença bipolar em crianças/adolescentes: pontos de vista conservadores consideram-na similar à expressão fenotípica e episódica do adulto; teorias mais liberais assumem-na como uma doença crónica cuja evolução temporalmente agravante se vem a definir como a doença bipolar comummente reconhecida no adulto. Contudo, os estudos científicos vigentes são metodologicamente discordantes. Deste modo, é imperativo o estudo mais criterioso dos fenótipos pediátricos relacionados com a bipolaridade e da sua evolução temporal. Recomendações clínicas sobre o tema incidem na avaliação cautelosa das co-morbilidades e especificidades da infância aquando do diagnóstico de doença bipolar em idade pediátrica segundo os critérios vigentes de DSM 5.

Palavras-Chave: doença bipolar, idade pediátrica, pedopsiquiatria