1. Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
- 63º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial e XVI Congresso Luso-Espanhol de ORL, 21-24 de Abril/2016, Coimbra. (poster)
Introdução: Os mucocelos são lesões benignas revestidas por um epitélio pseudoestratificado que afetam os seios perinasais. A parede destes pseudoquistos liberta substâncias osteolíticas causando erosão óssea. Quer na idade pediátrica quer na adulta a localização mais frequente é a fronto-etmoidal. Assim, um mucocelo nesta localização pode afetar as estruturas orbitárias levando a um deteriorar da acuidade visual
Materiais e métodos: Descrição de um caso clínico.
Resultados: Doente do sexo masculino com 14 anos de idade enviado de um hospital de Cabo Verde para a urgência pediátrica do Hospital Dona Estefânia, por quadro clínico com 2 anos de evolução caracterizado por cefaleias frontais persistentes, episódios frequentes de edema palpebral esquerdo e queixas com 3 meses de duração de diplopia e diminuição da acuidade visual esquerda. À observação o doente apresentava deslocamento inferior da órbita esquerda, dor à percussão da região supraorbitária esquerda com manutenção dos movimentos oculares. A tomografia computorizada dos seios perinasais revelou volumosa massa compatível com mucocelo frontetmoidal esquerdo causando erosão do teto da órbita deslocando-a para baixo e para a frente. Na avaliação oftalmológica pelo teste de Snellen o olho direito apresentava 8/10 enquanto que o esquerdo tinha 4/10. Não revelou alterações analíticas que indicassem processo infeccioso agudo. Foi internado com posterior cirurgia endoscópica naso-sinusal para drenagem do mucocelo. Sete dias após a cirurgia o doente teve alta com franca melhoria da acuidade visual e sem cefaleias. Aos 4 meses de pós-operatório o doente não apresenta diplopia ou deslocamento anormal do globo ocular esquerdo.
Conclusão: Os Apesar de serem considerados benignos, a expansão volumétrica dos mucocelos fronto-etmoidais pode afetar as estruturas adjacentes (órbita e base do crânio). No caso descrito verificava-se afecção da órbita esquerda com consequente diminuição da acuidade visual. Tais características conduziram ao adequado tratamento cirúrgico precoce que o otorrinolaringologista deve ter presente para resolução destes quadros clínicos.
Palavras-chave: mucocelo fronto-etmoidal; diplopia