1- Médica interna de Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa.
- Comunicação oral numa reunião institucional de Psiquiatria de Ligação do serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando da Fonseca
Resumo:
Introdução: Está descrita uma elevada prevalência de doença cardiovascular (DCV) em indivíduos com doença mental. Vários estudos têm relatado uma associação entre Perturbações depressivas e uma elevada mortalidade cardiovascular (CV). Na verdade parece haver uma associação bidirecional entre depressão e DCV: por um lado, doentes com DCV apresentam maior incidência de Pert. depressivas; por outro lado, indivíduos com depressão têm maior incidência de DCV e maior morbilidade e mortalidade cardiovascular. O mecanismo neurobiológico desta associação ainda não está completamente esclarecido.
Objectivos: Com este trabalho pretende-se fazer uma breve revisão das correlações neuroendócrinas estabelecidas até agora entre DCV e Pert depressivas. Faz-se uma abordagem sumária às alterações que parecem influenciar a elevada incidência de DCV em doentes com depressão: disfunção do sistema nervoso autónomo; alterações eixo HPA; alterações plaquetárias; alterações inflamatórias e disfunção endotelial.
Métodos:
Resultados: A associação entre Pert. depressivas e DCV é independente de factores de risco tradicionais e existe em indivíduos com e sem história de doença cardíaca. A presença de sintomas de depressivos prediz o aumento de DCV fatal e não fatal em doentes sem história de patologia cardíaca. Estão descritas múltiplas alterações endócrinas associadas às Pert. Depressivas. Estas alterações são semelhantes à resposta do organismo a eventos stressantes e têm sido directa ou indirectamente associadas à regulação CV. Doentes com depressão têm uma desregulação de vários sistemas fundamentais ao bom funcionamento do Sistema cardiovascular.
Conclusões: Existe uma inegável relação entre Pert. depressivas e DCV. A gravidade dos sintomas depressivos parece influenciar prognóstico da DCV, sendo que o tratamento de doentes com depressão pode minimizar a morbi/mortalidade cardíaca. Há, sem dúvida, necessidade de melhor conhecimento dos mecanismos fisiopatológicos e bioquímicos envolvidos, de forma a conseguir tratar eficazmente os doentes e melhorar a sua qualidade de vida e prognóstico.
Palavras Chave: Perturbações depressivas, doença cardiovascular, alterações neuroendócrinas, mortalidade, morbilidade.