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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Biomarcadores de sEpsis

Mari Teresa Neto

Nova Medical School/Faculdade de ciências Médicas /UNL. Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa.

17º Congresso Nacional de Pediatria. Palestra

Resumo: A necessidade de biomarcadores de sepsis neonatal com sensibilidade e especificidade elevadas constituem um problema real. A infeção é muito frequente no período neonatal, a gravidade é elevada, os sobreviventes podem sofrer sequelas importantes. Os sinais clínicos são inespecíficos e a hemocultura dá resultados tardios que podem ser falso-negativos. O marcador ideal deve poder ser requisitado a qualquer hora, ter resposta rápida, técnica fácil, padronizada, cut-off bem definido; deve poder determinar o início e a paragem da terapêutica, a resposta a esta, a gravidade da infeção e o seu prognóstico. A sensibilidade e especificidade devem ser elevadas de modo a permitir tratar de imediato RN doentes e minimizar a exposição de RN saudáveis aos antibióticos. O hemograma tem importância limitada no diagnóstico de infeção. A neutropénia e a relação neutrófilos imaturos/neutrófilos totais são os parâmetros com maior contribuição para o diagnóstico. As plaquetas descem tardiamente e são o último parâmetro a normalizar mas podem dar indicação de gravidade da doença ou da sua etiologia. Das proteínas de fase aguda (PFA) a mais utilizado é a PCR cuja sensibilidade é baixa; inicia a subida pelas 4 a 6 h de infeção e às 12/24h de doença tem sensibilidade 0,90 e especificidade 1. A especificidade elevada permite excluir infeção após determinações seriadas negativas com 12 a 18h de intervalo. Outra PFA é a procalcitonina cuja sensibilidade é mais elevada. Sobe nas primeiras 2/4 h de doença mas desce mais rapidamente que a PCR. Contudo varia com a idade pós-natal, não dá indicações sobre a evolução da infeção e é influenciada por asfixia, hemorragia intracraniana, hipoxemia e diabetes materna. Outras PFA promissoras em estudo são o amiloide sérico A e a proteína ligante do lipopolissacárido. Outro tipo de marcadores são as citocinas pró-inflamatórias TNFα, IL6 e IL8. Todas têm elevada sensibilidade mas isoladamente pouco valor clínico devido à sua vida fugaz. A IL6 é a mais estudada; associada à PCR dá indicações importantes; a única com poder prognóstico é o TNF α. Outro grupo de biomarcadores em estudo são os antigénios de superfície celular dos quais o mais estudado é o CD64 com elevada sensibilidade mas a necessitar mais estudos. Em conclusão não há um marcador que, isoladamente, corresponda às espectativas. A associação de marcadores aumenta a sensibilidade e a especificidade permitindo a tomada de decisões mais fundamentada.

Palavras-Chave: (max. 5) Biomarcador, Recém-nascido, Sepsis