imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

FARMACOTERAPIA DOS PROBLEMAS DE SONO. PHARMACOTHERAPY OF SLEEP DISORDERS

Cátia Milheiro.

Clínica da Juventude, Área de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E. (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.).

- Aulas do Internato Médico de Pedopsiquiatria, 04/12/12 (Apresentação oral).

Introdução: O sono desempenha funções muito importantes tais como a conservação da energia, a promoção de processos anabólicos, a termorregulação central, a "desintoxicação" cerebral, a produção hormonal (hormona do crescimento, leptina, grelina), a consolidação da memória e processos de aprendizagem, a autorregulação do comportamento e emoções e está envolvido nos fenómenos de plasticidade cerebral.
São bem conhecidas as consequências da privação de sono em crianças e adolescentes: labilidade emocional, humor deprimido, irritabilidade, agressividade, baixa tolerância à frustração, impulsividade, dificuldades na atenção e concentração, insucesso escolar, absentismo, aumento dos comportamentos de risco e dos acidentes rodoviários, aumento do risco cardiovascular, função imune deficitária e alterações metabólicas, como insulino-resistência.
Cerca de 40% das crianças tem problemas de sono nalgum período do seu desenvolvimento, sendo as de maior risco aquelas que apresentam doença mental (80%). A avaliação do sono deve fazer parte de qualquer avaliação psiquiátrica.
A intervenção terapêutica dos problemas de sono em idade pediátrica passa por medidas comportamentais, a que por vezes é necessário associar fármacos dirigidos às dificuldades de sono concretas.
No caso de insónia inicial pode ser utilizada a melatonina, que atua no núcleo supraquiasmático do hipotálamo para regular o ritmo circadiano e tem uma vida média de 1-4 horas. Os benzodiazepínicos (como o zolpidem ou o lorazepam) também podem ser utilizados, mas não por um período superior a um mês.
A trazodona, que é um antidepressivo muito sedativo, é muito útil para as queixas de sono pouco reparador. Com uma vida média de 6-8 horas responde às necessidades de sono de uma noite sem provocar excessiva sonolência diurna.
Os anti-histamínicos, como a difenidramina ou os anti-psicóticos, como a quetiapina, também podem ser utilizados para o mesmo fim, apesar de induzirem maior sonolência diurna.
Para os doentes com queixas somáticas, fadiga, dor crónica, ou ansiedade marcada, a pregabalina e a gabapentina são opções a considerar.
Conclusão: Existem várias armas terapêuticas na abordagem farmacológica dos problemas de sono em idade pediátrica, que não podem ser descurados sem prejuízo da saúde física e mental das crianças e dos adolescentes. Entre estas incluem-se a melatonina, o zolpidem e outros benzodiazepínicos, a trazodona, os anti-histamínicos, os anti-psicóticos e alguns anti-epiléticos.

Palavras-chave: sono, co-morbilidades pedopsiquiátricas, farmacoterapia.
Key words: sleep disorders, pharmacotherapy, psychiatric morbidities.