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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ARTRITE E OSTEOMIELITE CERVICAL APÓS ARRANHADURA DE GATO

Joana Simões; João Neves; Flora Candeias; Catarina Gouveia; Maria João Brito

Unidade de Infecciologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa

- Reunião nacional - 2º Congresso da Área de Pediatria Médica “A Peça que Falta”
- Publicação sob a forma de resumo
- Publicação sob forma integral – E-poster

Resumo:
Introdução: A osteomielite por Bartonella henselae está bem documentada, podendo ocorrer isoladamente ou tipicamente com febre, adenopatia e sintomas constitucionais. As manifestações podem ser agudas ou estar presentes ao longo de meses. Na forma osteoarticular, a coluna é um dos locais mais atingidos.
Descrição do caso: Criança do sexo masculino de 17 meses com cervicalgia com três semanas de evolução, precedida de síndrome gripal. Medicado com ibuprofeno e diazepam por torcicolo sem melhoria, foi internado. Objectivamente constatou-se limitação da mobilidade cervical com posição viciosa da cabeça em lateralização para a esquerda, irritabilidade e febre baixa, menor que 38ºC. Analiticamente registava-se leucocitose 12,50x109/L, VS 74 mm/h, PCR 14 mg/L e hemoculturas negativas. A radiografia cervical e a TC-CE e da charneira não apresentavam alterações mas a RM cervical revelou erosão e edema ósseo da apófise odontóide com efusão intra-articular de C0-C1 e C1-C2 com reforço de sinal sugestiva de osteomielite com artrite, sendo medicado com cefuroxime e gentamicina. Da investigação etiológica constatou-se IgG 1/128 e IgM<1/32 para Bartonella henselae com PCR no sangue negativa e confirmou-se ainda história de arranhadura por gato doméstico. Após uma semana registou-se uma subida do título de IgG para 1/256 que presumiu infecção a Bartonella henselae assumindo-se osteomielite/artrite cervical por este agente. Excluiram-se outras causas específicas (nomeadamente tuberculose, brucelose) e o estudo da auto-imunidade foi negativo. Cumpriu antibioterapia com cefuroxime + gentamicina endovenosa e rifampicina oral (3 semanas) e posteriormente em ambulatório mais uma semana de cefuroxime e quatro de rifampicina com boa evolução.
Discussão: O diagnóstico das manifestações ósseas da infecção por Bartonella é complexo, sendo necessário um elevado índice de suspeição. Além disto, a terapêutica não é consensual. Neste caso a antibioterapia com rifampicina e cefuroxime durante 6 semanas resultou na resolução completa das manifestações clínicas e imagiológicas.

Palavras Chave: osteomielite; doença da arranhadura do gato; Bartonella henselae.