imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

AMAMENTAR…PROTEGE DOS MAUS-TRATOS DA MÃE À CRIANÇA?

Cláudia Martins Cabido1, Graça Rodrigues2, Cristina Leite Pincho3

1 Médica Interna de Formação Específica em Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa.
2 Assistente Hospitalar de Pediatria e Neonatologia, Consultora de Lactação IBCLC, Clínica Amamentos Lisboa.
3 Licenciada em Ciências Sociais, áreas de Política Social e de Psicologia, Consultora de Lactação IBCLC.

- Poster eletrónico apresentado no XXVII Encontro Nacional da APPIA em Maio 2016
- Candidato ao Prémio João dos Santos 2016 pela Revista Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência.
- Contato: Cláudia Cabido 919161286; Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

RESUMO
Os maus-tratos na infância estão associados a vários efeitos adversos no desenvolvimento emocional e cognitivo infantil e a doenças na idade adulta. Surpreendente, é o fato de a mãe biológica ser o principal autor a ser reportado. Compreender a relação precoce e os fatores implicados que podem proteger a criança de maus-tratos pela mãe é de extrema importância. Um dos possíveis mecanismos que pode explicar a associação entre amamentação e saúde mental infantil, é o estreito contacto que o ato de amamentar propicia, o qual poderá ter um efeito positivo sobre o desenvolvimento de respostas neuroendócrinas ao stress, nomeadamente através da ocitocina, que está associada a menor ansiedade e humor elevado na mãe e a padrões de comportamento materno mais responsivos ao bebé. Foi realizada uma revisão da literatura que incluiu pesquisa bibliográfica do tema “amamentação” e pesquisa eletrónica na Medline com as palavras “amamentação” associada a “vinculação”, “saúde mental infantil” e “maus-tratos”, com o objetivo de explorar uma possível associação protetora entre amamentação e maus-tratos. Alguns autores, como Strathearn, põem em evidência que a amamentação pode desempenhar um efeito protetor na prevenção dos maus-tratos infantis pela mãe e, em particular, da negligência materna. Por outro lado, há autores que demonstram que a amamentação por um período inferior a 6 meses, em comparação com 6 meses ou mais foi um preditor independente de problemas  de saúde mental durante a infância e na adolescência. Promover a amamentação pode ser um meio simples e custo efetivo de fortalecer a relação mãe-bebé, pelo que deve ser ativamente incentivada pelos profissionais de saúde. Outras medidas económicas e sociais de proteção à maternidade podem estar implicadas no sucesso da amamentação.

Palavras-chave: Amamentação, Relação mãe-bebé, Vinculação, Saúde Mental, Ocitocina, Maus-tratos infantis, Negligência infantil.

ABSTRACT
Maltreatment in childhood are associated with various adverse effects on the emotional and cognitive development and childhood diseases in adulthood. Suprising is the fact that the biological mother be the main author to be reported. Understanding the early relationship and the factors involved that can protect children from abuse by the mother is of utmost importance. One of the possible mechanisms that may explain the association between breastfeeding and child mental health is the close contact that breastfeeding act provides, which could have a positive effect on the development of neuroendocrine responses to stress, including by oxytocin, which is associated with lower anxiety and elevated mood in the mother and more responsive maternal behavior patterns to the baby. They are widely known the countless benefits of breastfeeding, and the fact of favoring the mother-baby bonding processes, potentially reducing the risk of child neglect. A literature review was conducted that included literature theme of “breastfeeding” and online search in Medline with the words “breastfeeding” linked with “child mental health”, “child maltreatment” in order to explore a possible protective association between breastfeeding and child maltreatment. Some authors, such as Strathearn, highlight that breastfeeding can play a protective effect on the prevention of child abuse by the mother and, in particular, maternal neglect. On the other hand, some authors have shown that breastfeeding for less than 6 months compared to 6 months or longer was an independent predictor of mental health problems during childhood and adolescence. Promote breastfeeding can be a simple and cost effective means of strengthening the mother-infant relationship, and it should be actively encouraged by health professionals. Other economic and social measures for the protection of motherhood may be involved in the sucess of breastfeeding.

Key-words: Breastfeeding, Mother-Infant Relationship, Attachment, Child Mental Health, Oxytocin, Maltreatment, Child Neglect