1 - Área de Farmácia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 – Unidade de Infecciologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3 – Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
(publicação sob a forma de poster)
- VIII Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares - APFH, 18 a 21 Novembro 2015, Estoril
- 10as Jornadas de Atualização em Doenças Infecciosas do Hospital de Curry Cabral, 28 e 29 Janeiro 2016, Lisboa
Resumo:
Introdução: A adesão à terapêutica anti-retrovírica (TARV) é essencial para a supressão vírica e diminuição da morbilidade e mortalidade em crianças infetadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). É, contudo, uma questão bastante complexa pelos diversos fatores envolvidos.
Objectivos: O objetivo deste estudo é avaliar a adesão à TARV no Hospital D. Estefânia e identificar fatores relacionados, suscetíveis de intervenção, bem como a repercussão clínica.
Métodos: Estudo dos doentes em tratamento para a infeção VIH entre Janeiro 2014 e Junho 2015. Recolha de dados de processos clínicos, registos de dispensa da Farmácia e questionários confidenciais. Adesão total e parcial ou total definidas, respetivamente, como dispensa de pelo menos 95% e 80% da medicação prevista para o doente. Pela descrição do doente, considerou-se “não aderente” quem referiu falha de toma nos últimos 3 dias e/ou aos fins de semana. Análise estatística pelo teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher.
Resultados: O estudo incluiu 82 doentes, 52% do sexo masculino e 51% de ascendência africana. A idade mediana foi 15 anos e 6 meses. A carga vírica (CV) foi indetetável em 63 doentes. A taxa de adesão global variou entre 41% e 100%, sendo que 42% dos doentes apresentaram adesão total e 67% adesão parcial ou total. Segundo a descrição do doente, a adesão foi de 60%. Comparando estes métodos, houve concordância de 67% na adesão total e 92% na parcial ou total. Todos os doentes institucionalizados ou que partilham a responsabilidade da medicação com o cuidador têm adesão parcial ou total à TARV. Doentes com escolaridade adequada à idade são tendencialmente mais aderentes. Houve alteração de regime em 33 doentes. Reduzindo o número de tomas diárias, verificou-se melhoria da adesão. A adesão à TARV foi associada a pais adotivos como cuidadores, nível académico superior do cuidador e CV indetetável.
Conclusões: A adesão à TARV na amostra foi baixa, sendo que a perceção do doente sobrestima a adesão. Os fatores relacionados com adesão nesta amostra corroboram estudos prévios. Este estudo evidencia a necessidade de maior apoio às famílias biológicas e doentes independentes e de um melhor acompanhamento do processo de transição da responsabilidade da medicação.
Palavras Chave: adesão, pediatria, terapêutica anti-retrovírica, VIH