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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) EM CRIANÇAS REGISTADAS NO PROGRAMA DE VIGILÂNCIA NACIONAL DA PARALISIA CEREBRAL AOS 5 ANOS

Eulália Calado1, Daniel Virella2, Ana Cadete3, Teresa Folha4, Carla Conceição5, Rosa Gouveia6, Joaquim Alvarelhão7, Maria da Graça Andrada4

1-Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital D. Estefânia, CHLC;
2-Centro de Investigação, CHLC;
3-Serviço de Medicina Física e Reabilitação, Hospital Dr. Fernando da Fonseca;
4-Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, Lisboa;
5-Departmento de Neurorradiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central;
6-Sociedade Portuguesa de Neurodesenvolvimento;
7-Escola Superior de Saúde, Universidade de Aveiro

- IX Congresso Nacional de Neuropediatria – AVC Pediátrico: do diagnóstico à intervenção. - 26 e 27 de fevereiro de 2015, Coimbra (comunicação oral)

Introdução: O Programa de Vigilância Nacional de Paralisia Cerebral aos 5 Anos de Idade (PVNPC5A) é um registo nacional populacional afiliado à SCPE. São descritos os casos de crianças com paralisia cerebral (PC) e acidente vascular cerebral (AVC) registados no Programa. 
Métodos: Estudo transversal de crianças com 5 anos de idade, nascidas em 1996-1997 e 2001-2009, registadas activamente no PVNPC5A. Os casos de AVC foram identificados pelo relatório da ressonância magnética (RM) ou pelo notificador ter assinalado campo AVC. Foram usadas definições, classificações e instrumentos comuns à SCPE. O tipo clínico de PC foi determinado pelas características predominantes.
Resultados: De entre as 1332 crianças registadas, foram identificados 85 casos com o diagnóstico de AVC, em 70 deles com referência à realização de RM, tendo 47 infarto da artéria cerebral média (55%). A proporção de casos de PC com AVC foi de 9,8%, com uma variação anual entre 3,3 e 14,5%. Não se observou predominância de género (48 rapazes, 56,5%) mas predominaram as crianças nascidas de termo (62), de gestação não gemelar (71) e com peso adequado à idade gestacional (60). Há referência a causa perinatal ou neonatal em 61 casos mas apenas há registo de convulsões nas primeiras 72 horas de vida em 15 casos e de internamento em cuidados intensivos neonatais em 31. A PC é predominantemente espástica em 84 casos (1 caso era predominantemente distónico), unilateral em 71 casos (hemiparesia direita em 47 casos); em 12 casos há referência a afectação dos 4 membros (8 de termo). Foram classificados nos níveis I-II do GMFCS 86%, do BFMF 77%, do MACS 72%, da escala de capacidade de alimentação 81%, da escala de expressão verbal 79% e da escala de controlo da baba 81%. Apresentavam défice cognitivo 35% (grave 21%) (81% com epilepsia associada). Há referência a epilepsia activa em 32 casos (39%), 14 em politerapia. Estão registados 5 casos com subluxação da anca (nenhum de luxação); 3 crianças tinham gastrostomia. Não tinham qualquer inserção no ensino 6 crianças. 60% dos casos não apresentava nenhum dos 4 indicadores major de gravidade de PC (GMFCS IV-V, epilepsia, défice cognitivo, subvisão) (vs. 30% das crianças com PC mas sem AVC).
Conclusões: O AVC é a causa de cerca de 10% dos casos de PC em Portugal. Apesar da maioria dos casos apresentar PC espástica unilateral com boa capacidade funcional, existe uma proporção importante de casos graves. A prevenção da PC passa também pela prevenção e tratamento do AVC neonatal e pediátrico.