1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
2 - CEDOC – Grupo de Doenças Respiratórias, Nova Medical School
3 - Gabinete de Apoio Estatístico e Epidemiológico, Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
4 - Departamento de Bioestatística e Informática, Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Universidade Nova de Lisboa, CEAUL, Lisboa
5 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa
6 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Porto
7 - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
8 - Unidade de Epidemiologia, Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto
- 36ª reunião anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, reunião nacional, publicação sob a forma de resumo
Resumo:
Introdução: O número de idosos na Europa, particularmente em Portugal, tem vindo a aumentar nas últimas décadas, sendo grande parte do seu tempo dispendido em ambientes interiores. Apesar da ventilação deficitária dos edifícios ser fator de risco para doença respiratória, é pouco clara a associação entre a qualidade do ar interior e doença respiratória nesta faixa etária.
Objectivos: Estudar a associação entre os níveis de CO2 estacionário (indicador do nível de ventilação) medidos em lares de terceira idade e a existência de doença respiratória.
Métodos: No âmbito do estudo GERIA (Geriatric Study in Portugal on Health Effects of Air Quality in Elderly Care Centers), selecionaram-se 17 lares da cidade de Lisboa, por amostragem estratificada, seguida de análise de clusters. As instituições foram submetidas à avaliação da qualidade do ar interior durante o Inverno 2013/2014. Neste mesmo período, foi aplicada a versão portuguesa do questionário do estudo BOLD, do Mini Mental State e da Geriatric Depression Scale (GDS-15). Para a análise de dados utlizaram-se modelos de regressão hierárquicos. Foram consideradas como variáveis resposta a existência de diagnóstico médico de asma e a presença de pieira nos últimos doze e três meses. O valor de CO2 estacionário, medido no quarto durante a noite, foi considerado como exposição. O género, a idade, o nível de educação, estado civil, hábitos tabágicos, exposição ocupacional a poeira, tempo de residência no lar, capacidade cognitiva e estado de depressão foram as variáveis de confundimento estudadas.
Resultados: Obtiveram-se 587 questionários válidos, sendo a grande maioria (76%) dos respondedores do sexo feminino. A idade média foi de 85 anos (SD: 7 anos). O valor mediano de CO2 estacionário foi de 1189 ppb (P25-P75: 1004-1443 ppb). Na análise multivariável, o CO2 estacionário associou-se com o diagnóstico médico de asma (OR: 1.27, 0.98-1.66; p=0.076) e com a presença de pieira nos últimos 3 meses (OOR: 1.29, 1.06-1.57; p=0.010).
Conclusões: Níveis de dióxido de carbono elevados no ar interior sugerem a existência de uma menor taxa de ventilação. Neste sentido, os resultados indicam a presença de uma associação entre níveis de ventilação noturnos nos quartos dos idosos e doença respiratória.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia – Projeto GERIA PTDC/SAU-SAP/116563/2010.
Palavras Chave: (max. 5) ventilação de edifícios, idoso, asma, pieira