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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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VENTILAÇÃO DE EDIFÍCIOS E DOENÇA RESPIRATÓRIA EM IDOSOS

Joana Belo1, Pedro Martins1,2,3, Ana Luísa Papoila3,4, Marta Alves3, Iolanda Caires2, Teresa Palmeiro2, João Marques1,2, Carlos Geraldes4, Maria Manuela Cano5, Ana Sofia Mendes6, João Viegas7, Maria Amália Botelho2, Paula Leiria-Pinto1,2, João Paulo Teixeira6,8, Nuno Neuparth1,2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
2 - CEDOC – Grupo de Doenças Respiratórias, Nova Medical School
3 - Gabinete de Apoio Estatístico e Epidemiológico, Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
4 - Departamento de Bioestatística e Informática, Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Universidade Nova de Lisboa, CEAUL, Lisboa
5 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa
6 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Porto
7 - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
8 - Unidade de Epidemiologia, Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

- 36ª reunião anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, reunião nacional, publicação sob a forma de resumo

Resumo:
Introdução: O número de idosos na Europa, particularmente em Portugal, tem vindo a aumentar nas últimas décadas, sendo grande parte do seu tempo dispendido em ambientes interiores. Apesar da ventilação deficitária dos edifícios ser fator de risco para doença respiratória, é pouco clara a associação entre a qualidade do ar interior e doença respiratória nesta faixa etária.
Objectivos: Estudar a associação entre os níveis de CO2 estacionário (indicador do nível de ventilação) medidos em lares de terceira idade e a existência de doença respiratória.
Métodos: No âmbito do estudo GERIA (Geriatric Study in Portugal on Health Effects of Air Quality in Elderly Care Centers), selecionaram-se 17 lares da cidade de Lisboa, por amostragem estratificada, seguida de análise de clusters. As instituições foram submetidas à avaliação da qualidade do ar interior durante o Inverno 2013/2014. Neste mesmo período, foi aplicada a versão portuguesa do questionário do estudo BOLD, do Mini Mental State e da Geriatric Depression Scale (GDS-15). Para a análise de dados utlizaram-se modelos de regressão hierárquicos. Foram consideradas como variáveis resposta a existência de diagnóstico médico de asma e a presença de pieira nos últimos doze e três meses. O valor de CO2 estacionário, medido no quarto durante a noite, foi considerado como exposição. O género, a idade, o nível de educação, estado civil, hábitos tabágicos, exposição ocupacional a poeira, tempo de residência no lar, capacidade cognitiva e estado de depressão foram as variáveis de confundimento estudadas.
Resultados: Obtiveram-se 587 questionários válidos, sendo a grande maioria (76%) dos respondedores do sexo feminino. A idade média foi de 85 anos (SD: 7 anos). O valor mediano de CO2 estacionário foi de 1189 ppb (P25-P75: 1004-1443 ppb). Na análise multivariável, o CO2 estacionário associou-se com o diagnóstico médico de asma (OR: 1.27, 0.98-1.66; p=0.076) e com a presença de pieira nos últimos 3 meses (OOR: 1.29, 1.06-1.57; p=0.010).
Conclusões: Níveis de dióxido de carbono elevados no ar interior sugerem a existência de uma menor taxa de ventilação. Neste sentido, os resultados indicam a presença de uma associação entre níveis de ventilação noturnos nos quartos dos idosos e doença respiratória.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia – Projeto GERIA PTDC/SAU-SAP/116563/2010.

Palavras Chave: (max. 5) ventilação de edifícios, idoso, asma, pieira