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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ÚLCERAS GENITAIS EM ADOLESCENTES: PENSAR ALÉM DO SEXO

Sofia Carneiro1, Marta Conde2, Leonor Sassetti1

1 - Unidade de Adolescentes, Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
2 - Unidade de Reumatologia; Hospital Dona Estefânia - Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE

- 16º Congresso Nacional de Pediatria - Reunião nacional

Resumo:
INTRODUÇÃO: A Úlcera de Lipschütz é uma ulceração genital aguda rara, subdiagnosticada, que ocorre em adolescentes do sexo feminino sem vida sexual ativa. Caracteriza-se pelo aparecimento súbito de uma ou várias ulcerações necróticas dolorosas na vulva e/ou vagina. Geralmente é precedida de uma fase prodrómica com manifestações gripais. A patogénese é desconhecida. O diagnóstico é clínico e de exclusão. Tem resolução espontânea, sem sequelas ou recorrências.
Relato de Caso: Adolescente de 16 anos, sexo feminino, saudável, herpes labial recorrente, sem vida sexual ativa. Recorreu à sua médica assistente por lesão vulvar escura bilateral simétrica, na sequência de um quadro gripal com 4 dias de evolução. Medicada por ginecologista com aciclovir dois dias antes.
À observação: adinamia, subfebril, hiperémia da orofaringe e lesões aftosas na mucosa oral; edema dos grandes lábios, com lesões ulceronecróticas na zona inferior da vagina, simétricas, bordos irregulares, 30 mm de diâmetro, dolorosas. Adenopatias inguinais bilaterais dolorosas. Os exames complementares de diagnóstico excluíram infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e outras causas de ulceração genital de causa não infecciosa. Por lesões não sugestivas de infecção por HSV, interrompeu aciclovir. Admitida Úlcera de Lipschütz, tendo alta com terapêutica sintomática. Cicatrização completa das lesões duas semanas mais tarde.
CONCLUSÃO: As úlceras genitais na adolescência podem gerar grande ansiedade devido à sua associação a ISTs. Este caso clínico demonstra a importância de suspeitar e investigar outras causas de ulceração genital em adolescentes, especialmente as não relacionadas com contacto sexual, evitando instituição de terapêutica desnecessária e sem benefício clínico.

Palavras Chave: Úlceras genitais; Adolescente; Úlcera de Lipschütz