1 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
3 - Centro de Reabilitação de Lisboa Calouste Gulbenkian, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa;
4 - Sociedade Portuguesa de Pediatria do Neurodesenvolvimento, Sociedade Portuguesa de Pediatria, Lisboa;
5 - Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Hospital Fernando Fonseca, EPE, Amadora;
6 - Escola Superior de Saúde de Aveiro, Universidade de Aveiro, Aveiro;
7 - Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral.
- Neuro 2012, Reunião da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Porto, 10-12 Maio 2012 (Comunicação oral).
- Resumo Publicado na Revista Sinapse Vol. 12, nº1 Maio 2012.
Introdução: Os programas de vigilância nacionais são fontes de informação potentes para caracterização das crianças com paralisia cerebral (PC).
Objectivo: Determinar o risco de epilepsia nas crianças com PC; a prevalência nos subtipos clínicos de PC, a comorbilidade apresentada e a associação com a inclusão na educação.
Métodos: Estudo transversal com análise de caso-controlo anichada, de crianças nascidas em Portugal (2001-2005), registadas aos 5 anos de idade num Programa de Vigilância Nacional da PC. Usaram-se as definições e classificações funcionais da SCPE (GMFCS, BMFM, MACS, QI, visão, audição), e escalas próprias de função oromotora. Considerou-se epilepsia se ocorreram convulsões pós-neonatais. Identificação dos factores de risco de epilepsia por regressão logística.
Resultados: Obteve-se informação sobre epilepsia em 565 de 649 crianças com PC (87,1%). Tinham epilepsia 238 crianças (42,1%), mais frequente nas crianças com PC espástica (42,7%, mas 63,5% se 4 membros afectados) ou PC disquinética (40,8%). A proporção de crianças níveis IV-V do GMFCS é maior naquelas com epilepsia (64,6% vs. 26,6%), tal como do BMFM, MACS e das escalas de função oromotora. QI<50 foi mais frequente (68% vs. 32%), tal como os deficits visuais e auditivos. A não inclusão educativa foi mais frequente nas crianças com epilepsia (61,5% vs. 38,5%). A epilepsia era mais frequente nas raparigas, nas crianças nascidas a termo e na presença de malformações cerebrais. Identificaram-se como os mais potentes preditivos de epilepsia as convulsões neonatais precoces em crianças com PC nascidas a termo (OR 4,1; IC95% 2,0-8,15) e a gemelaridade nas nascidas de grande prematuridade (OR 0,39; 95%CI 0,16-0,97).
Conclusão: A epilepsia é determinante da gravidade da PC. Atinge principalmente crianças de termo com convulsões neonatais precoces e agrava a condição das crianças com compromisso motor funcional mais grave. Confirma-se a tendência de aumento da prevalência de epilepsia em crianças com PC disquinética.
Palavras-chave: Cerebral palsy, dyskinesia, spasticity, refractoryepilepsy.