1- Àrea de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central,
- XXVII Encontro da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (Poster)
Resumo:
Introdução: Tem-se tornado cada vez mais evidente que muitas perturbações psiquiátricas têm o seu início na infância e adolescência. As perturbações psicóticas constituem particularmente um grande desafio ao mostrarem uma heterogeneidade significativa em termos de etiopatogenia, sintomatologia e curso evolutivo. O desenvolvimento de uma abordagem dimensional da psicopatologia bem como a identificação de endofenótipos e de marcadores de progressão são estratégias essenciais para a sua melhor compreensão e tratamento. Apesar dos estudos nesta área terem focado essencialmente a patologia ao logo da vida, tem havido um interesse emergente no periodo precedente à idade modal de início de psicose. Em particular na segunda infância têm-se intensificado as investigações sobre o pródromo de psicose na tentativa de refinar sintomatologia perceptiva, ideacional ou comportamental considerada de alto risco clínico – Clinical High Risk (CHR) de desenvolver psicose assim como sobre a relevância clínica de experiências psicotiformes.
Objetivo: Caracterizar a sintomatologia psicótica e/ou experiências psicotiformes na população clínica de duas Equipas de 2ª Infância da Área de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia – CHLC.
Métodos: Revisão seletiva da bibliografia com definição de variáveis a partir de medidas de sintomatologia e síndromes utilizados em investigações de CHR e de experiências psicotiformes. Estudo retrospectivo recorrendo a recolha de dados nos processo clínicos de crianças com sintomatologia psicótica ou experiências psicotiformes atendidas em primeira consulta em 2013 e 2014.
Resultados: Verificou-se que sintomatologia atípica e sintomatologia positiva atenuada são as manifestações mais prevalentes na nossa amostra realçando a insuficiência das taxonomias atuais na sua descrição. É também notório que, paralelamente, existe uma elevada comorbilidade de síndromes psiquiátricos, dificultando a sua definição.
Conclusão: Apesar de compreensão científica ser ainda insuficiente e dos dilemas diagnósticos nesta faixa etária, a trajetória das investigações é promissora no desenvolvimento de algoritmos preditivos de psicose. A informação daí decorrente permitirá informar a prática clínica e o desenvolvimento de abordagens preventivas adaptadas.
Palavras Chave: Experiências Psicotiformes; Pedopsiquiatria; Psicose.