1 - Serviço de Imunoalergologia, Departamento de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 - CEDOC, Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Universidade Nova de Lisboa, Campo dos Mártires da Pátria, Lisboa
3 – Departamento de Fisiopatologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa
- Comunicação oral na XXXVI Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, Coimbra, Outubro de 2015; 2º Prémio de Melhor Comunicação Oral
Resumo:
Introdução: A investigação clínica e fisiopatológica da asma e doença pulmonar obstrutiva crónica(DPOC) excluiu durante muitos anos o fenótipo de sobreposição das duas doenças e portanto a evidência disponível sobre a frequência e características clínicas do síndroma de sobreposição asma-DPOC(ACOS) é reduzida.
Objectivos: Avaliar a frequência de ACOS e comparar as características clínicas dos doentes com esta entidade numa amostra de idosos residentes em lares.
Métodos: No âmbito da Fase II do Projeto GERIA (Estudo Geriátrico dos Efeitos na Saúde da Qualidade do Ar Interior em Lares da 3ª idade de Portugal) realizou-se uma avaliação espirométrica com prova de broncodilatação(BD) a aos idosos residentes nos 17 lares selecionados. Foram excluídos os idosos com contra-indicações para a espirometria com prova de BD ou sem desempenho cognitivo suficiente. Aplicou-se a todos os avaliados um questionário médico englobando o questionário BOLD (Burden of Obstructive Lung Disease), Mini-Mental State e Geriatric Depression Scale. Foram identificados os idosos com diagnóstico de DPOC (FEV1/FVC<0,70 pós-BD), asma (pieira nos últimos 12 meses e prova de BD positiva; ou diagnóstico médico de asma) e ACOS (critérios de DPOC e asma simultaneamente) e efetuadas comparações entre os grupos de doentes.
Resultados: Realizou-se espirometria com prova de BD a 242 idosos. A idade média dos idosos avaliados foi 83,5 anos (±6,8 anos), sendo 71,5% do sexo feminino. Identificaram-se 17 doentes com ACOS, correspondendo a 7,0% (IC95%: 4,4-11,0%) do total de idosos e 18,9% (IC95%: 12,1-28,2%) dos doentes com FEV1/FVC pós-BD<0,7 (n=90). Comparando os doentes com ACOS com os doentes com DPOC, verificou-se que os primeiros têm maior frequência de rinite alérgica (41,2% vs 15,1%, p=0,012), não se verificando diferenças em termos de sexo, idade, índice de massa corporal, tabagismo, demência ou depressão. Fazendo a mesma análise para os doentes com asma (n=10), não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre as características avaliadas.
Conclusões: Foi encontrado um número significativo de doentes com ACOS na amostra de idosos estudada. Nesta amostra não existiram diferenças significativas entre os doentes com ACOS, DPOC e asma, exceptuando a maior frequência de rinite alérgica entre os doentes com ACOS em comparação com os doentes com DPOC.
Financiamento: Fundação para a Ciência e Tecnologia – Projeto GERIA PTDC/SAU-SAP/116563/2010.
Palavras Chave: asma; DPOC; ACOS; idosos