1 Médica Interna de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Área de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia (HDE);
2 Assistente hospitalar de Pediatria, Serviço de Desenvolvimento do HDE;
3 Assistente hospitalar de Pediatria, Director do Serviço de Desenvolvimento do HDE.
XXVI ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA- POSTER
Este trabalho pretende realizar uma breve revisão bibliográfica acerca da possível relação entre os factores que intervêm no desenvolvimento do temperamento e o comportamento das crianças com perturbações do desenvolvimento intelectual.
O desenvolvimento, nos seus diferentes domínios, é universal. A maior parte das crianças com incapacidade intelectual passam por todas as fases normativas do desenvolvimento cognitivo, o que permite a atribuição de uma idade mental correspondente, em relação ao nível expectável para a criança.
A herança genética, experiências precoces de vida e situações do quotidiano podem ter impacto quer ao nível do desenvolvimento cognitivo, quer ao nível do funcionamento do temperamento. Crianças e adolescentes com incapacidade intelectual estão frequentemente sujeitas a maior rejeição, a experiências de fracasso e ao isolamento social, estes factores podem condicionar traços de temperamento com menor resiliência e assim impedir que estas crianças funcionem no seu nível intelectual. Por outro lado, constituem factores de risco para o aparecimento de outras perturbações psiquiátricas.
Achados recentes de neuroimagem têm sugerido que alterações no desenvolvimento cerebral secudárias à condições genéticas poderão ser responsáveis por fenótipos comportamentais. Assim, o trabalho descreve as características comportamentais dos fenótipos associados às síndromes genéticas mais prevalentes, e como algumas das alterações cerebrais podem influenciar a personalidade.
A compreensão desta relação pode ser uma ferramenta importante para o diagnóstico e tratamento de algumas das complexas apresentações clínicas das crianças e adolescentes com incapacidade intelectual, assim como estabelecer estratégias para
ajudá-las a funcionar no seu nível cognitivo.