1. Ginecologia, área de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa.
- EMIGO 2015
Resumo:
Introdução: O quisto mesotelial peritoneal ou mesotelioma peritoneal multiquístico benigno foi descrito pela primeira vez em 1979, existindo apenas cerca de 140 casos descritos na literatura. Apresentamos um caso de uma doente assintomática referenciada à nossa consulta por um quisto anexial de 8 cm.
Relato de caso: trata-se de uma doente de 37 anos que apresentava em ecografia pélvica de rotina uma massa anexial quística de 78x79x38mm, com 3 locas, líquido não puro, cápsula e septos finos. A RMN mostrou tratar-se de uma formação quística intraperitoneal pélvica com plano de clivagem com o útero e ovário direito, sendo as hipóteses de diagnóstico mais prováveis o quisto de inclusão peritoneal ou quisto do para-ovário. Os marcadores tumorais era normais.
Na laparoscopia obervou-se útero, anexos e apêndice ileo-cecal sem alterações, lesões de endometriose dispersas pelos ligamentos útero-sagrados e útero-ováricos e no FSP, e uma formação quística de consistência amolecida, aspecto gelatinoso que ocupava o FSP e estava aderente ao epipplon. Fez-se excisão desta lesão e o diagnóstico histológico revelou tratar-se de um quisto mesotelial peritoneal.
Conclusão: O mesotelioma peritoneal multiquístico benigno é uma lesão com origem, na maioria dos casos, no peritoneu pélvico, caracteriza-se por um comportamento benigno com progressão lenta mas alta taxa de recorrência, principalmente se a excisão não for completa. Afecta principalmente mulheres em idade fértil e está associado a história de endometriose, DIP, útero miomatoso e cirurgia abdominal prévia, o que sugere ser uma lesão de natureza reactiva. A sua excisão é o tratamento preferencial.