1- Àrea de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central,
- XXVII Encontro da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (Poster)
Resumo:
Introdução
As perturbações autísticas e psicóticas são entidades diagnósticas históricamente relacionadas sobre as quais, apesar da diferenciação categorial, existe ainda controvérsia quanto aos seus limites e ao seu curso evolutivo. Em crianças com perturbações do espetro do autismo (PEA), a presença de medos e reações de ansiedade idiossincráticas, constrangimentos na esfera social e de perturbação do pensamento são fatores importantes a considerar no diagnóstico diferencial e no risco evolutivo para psicose. Existem na literatura construtos definidos por grupos de investigação que oferem critérios de diagnóstico tentando operacionalizar a sintomatologia de forma a clarificar as interfaces e as sobreposições entre estas perturbações. Torna-se importante a sua tradução e aplicabilidade na prática clínica perante as limitações das nosologias atuais.
Objetivos e Métodos
Descrever em termos fenomenológicos parâmetros diferenciadores e perfis clínicos de maior risco para o desenvolvimento de psicose em crianças com PEA.
Revisão seletiva da bibliografia através de pesquisa computorizada em PubMed (MEDLINE). Implicações clinicas e abordagens ilustradas com um caso clínico.
Resultados
O caso clínico apresentado reflete bem as dificuldades que podem surgir no diagnóstico clínico dadas as múltiplas interfaces das PEA com perturbações psicóticas. Construtos como “Multiple Complex Developmental Disorder” ou “Multidimensionally Impaired Syndrome” permitem identificar estes indivíduos de forma mais clara e mais aproximada da clínica apesar de serem muito restritivos.
Conclusão
A constelação de sintomas identificados nos critérios referidos pode tornar-se útil ao delinear subgrupos de indivíduos com PEA com fenomenologia complexa. Estudos nesta área são ainda muito escassos, mas a futura reprodução e validação dos resultados positivos observados poderão auxiliar na optimização de intervenções terapêuticas em crianças com PEA com características psicóticas.
Palavras Chave: Autism-plus; Perturbações do espetro do Autismo; Psicose; Pedopsiquiatria