1 - Ginecologia, área de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
XIII Congresso Português de Ginecologia (poster)
Resumo:
Introdução: Ao detectarmos no exame ginecológico uma massa pélvica é importante fazer a distinção entre a origem uterina ou anexial e, neste último caso, fazer o diagnóstico de benignidade ou não e da origem tubária ou ovárica. Para isso é essencial realizar uma história clínica detalhada, pedir exames laboratoriais e imagiológicos. Por vezes, apenas quando se recorre à cirurgia se consegue ter um diagnóstico definitivo. Há que diferenciar de leiomioma e sarcoma uterino, massa ovárica benigna ou maligna e massas tubares, nomeadamente abcesso tubo-ovárico.
Objectivos: Descrevemos um caso de uma doente com sintomatologia de massa pélvica, no contexto de aparente doença inflamatória pélvica.
Metodologia: Doente 47 anos, caucasiana, IO 1001 e com antecedentes pessoais e familiares irrelevantes, foi enviada à Consulta de Ginecologia da nossa instituição por quadro clínico de dor pélvica, leucorreia patológica e febre. Ao exame objectivo, observou-se leucorreia arejada e com cheiro fétido e dor à mobilização uterina. Foram realizados exames complementares de diagnóstico: citologia negativa, exsudado vaginal negatico, análises laboratoriais com parâmetros inflamatórios positivos e ecografia pélvica que revelou abcesso tubo-ovárico bilateral com cerca de 60mm. Foi instituída terapêutica antibiótica tripla, tal como analgesia e anti-inflamatórios. O quadro clínico foi agravando, tal como os parâmetros inflamatórios laboratoriais; foi repetida ecografia pélvica 2 semanas depois que revelou aumento das dimensões dos abcessos bilateralmente. Foi decidida laparoscopia diagnóstica e cirúrgica.
Resultados e Conclusões: A doente foi então submetida a laparoscopia tendo--se observado múltiplas vegetações implantadas em ambos os ovários e ausência de abcesso tubo-ovárico. Foram feitas biópsias e exame extemporâneo que sugeriu adenocarcinoma de origem desconhecida. Posteriormente foram pedidos marcadores tumorais, tal como CA 125 com valor de 344,6U/ml e TC toracoabdominopélvica com aumento das dimensões dos ovários e dos gânglios paraaórticos. A histologia definitiva confirmou adenocarcinoma do ovário e a citologia do líquido ascítico positiva. A doente foi encaminhada para o IPO onde foi submetida a histerectomia total abdominal mais anexectomia bilateral e todo o estadiamento protocolado para a neoplasia do ovário e encontra-se, até ao momento, a realizar quimioterapia. Este caso alerta-nos para os diversos diagnósticos diferenciais de massa pélvica, sobretudo os menos frequentes, principalmente em mulheres relativamente jovens e com seguimento ginecológico conveniente.
Palavras-chave: Massa pélvica, Adenocarcinoma do ovário, Abcesso