1 - Interno de Anestesiologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
2 - Assistente Hospitalar Graduado do Centro Hospitalar de Lisboa Central
- Reunião Nacional – XXIII Congresso Anual do CAR/ESRA Portugal 2015
Introdução: O controlo inadequado da dor tem consequências fisiológicas agudas e crónicas deletérias, causando um aumento da morbilidade e mortalidade pós-operatórias. A analgesia em pediatria torna-se cada vez mais um desafio, em particular no recém-nascido e na criança pequena devido a questões relacionadas com a eficácia e segurança.
Caso clínico: Criança do sexo masculino, 9 meses de idade, peso 8 kg, ASA II, proposta para correção cirúrgica de oclusão intestinal por doença de Hirschsprung. Apresentava marcadores inflamatórios agudos aumentados. Na indução o conteúdo gástrico foi aspirado através de um tubo naso-gástrico previamente ao procedimento anestésico. Realizada anestesia geral balanceada e analgesia intratecal com agulha pediátrica ponta bico de lápis 25G, com um bolus único de morfina (3ug/kg). A analgesia foi complementada com paracetamol 20mg/kg 6h/6h. O pós-operatório decorreu sem intercorrências ou efeitos secundários, obtendo-se um bom controlo analgésico sem necessidade de resgate nas 24h subsequentes à cirurgia.
Discussão: A existência de recetores opiáceos no corno dorsal da medula espinhal permite o uso de baixas doses de morfina intratecal para o alívio da dor, evitando o risco de infeção com a técnica contínua (cateter) em pacientes suscetíveis. A analgesia por via intratecal versus a epidural com bolus único foi preferida devido ao efeito analgésico mais prolongado.
O uso de técnicas de neuro-eixo em crianças, embora tecnicamente e mentalmente desafiador, permite manter níveis adequados de analgesia, poupando os efeitos colaterais do uso de opióides sistêmicos. Os resultados de estudos clínicos prospetivos são necessários para definir claramente o seu papel.
Palavras Chave: Analgesia com Morfina intrateca