Serviço de Cirurgia Pediátrica – Hospital de Dona Estefânia – Centro Hospitalar Lisboa Central EPE
Apresentado como Comunicação Oral no Congresso “Urgência e Emergência Pediátricas” realizado em Coimbra em Novembro 2015.
Resumo:
Introdução: A malrotação intestinal pode ter formas de apresentação clínica bastante variadas, abrangendo casos agudos que necessitam de intervenção cirúrgica imediata, como no caso do volvo intestinal, mas também casos mais insidiosos, com sintomatologia mais inespecífica, levando a um atraso no diagnóstico. Formas de apresentação atípicas têm sido descritas na literatura, alertando o médico para outras formas de diagnosticar malrotação intestinal.
Descrição: Criança do sexo masculino, 2 meses de idade, internado pelo Serviço de Urgência com história de dois episódios de encarceramento de hérnia inguinal, em menos de 24h, acompanhado por vómitos, irritabilidade e sensação de cólica abdominal. Ao exame objectivo, identificou-se um hidrocelo à esquerda e um cordão espermático espessado. O doente foi submetido a intervenção cirúrgica para correcção de hérnia inguinal. Verificou-se a existência de um linfocelo formado pela livre passagem de linfa da cavidade abdominal para o escroto pelo canal peritóneo-vaginal. A laparotomia revelou a existência de uma malrotação intestinal condicionando torção parcial do mesentério, com congestão dos linfáticos, e uma hérnia interna na raíz do mesentério. Procedeu-se à redução da hérnia interna e à correcção da malrotação. O pós-operatório não apresentou intercorrências e o doente teve alta 5 dias depois.
Discussão: A identificação de um linfocelo num doente com hérnia inguinal, em idade pediátrica, pode corresponder à existência de uma malrotação intestinal associada, condicionando uma obstrução dos vasos linfáticos e consequente exsudação de linfa. O diagnóstico e a correcção atempada da malrotação evita complicações graves futuras.