imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

MALÁRIA - CASOS CLÍNICOS COM APRESENTAÇÕES POUCO COMUNS

Tetyana Kuzmenko, Oscar Lopez, Ingrid Villanueva, Marvin Oliveira, Margarida Guimarães, Rosa Barros

1 – Centro Hospitalar Lisboa Central
2 – Laboratório de Patologia Clínica

- Reunião Institucional – poster

Resumo: Introdução:
A malária é uma das doenças parasitárias mais importantes do ser humano. No ano de 2013, o risco global da doença era cerca de 3,3 bilhões de pessoas, tendo ocorrido
584.000 mortes nesse ano. É provocada pelo protozoário Plasmodium spp, inoculado  no Homem pela fêmea do mosquito Anopheles. Este, no ciclo eritrocitário, multiplica- se e provoca hemólise e libertação de citocinas.
Clinicamente, a doença tem quadros muito variados, ocorrendo habitualmente com períodos de calafrios, febre alta e sudorese, com hepato e esplenomegália, cursando laboratorialmente com anemia hemolítica e trombocitopénia e nos casos graves com alteração das provas de função hepática. O diagnóstico laboratorial é feito através do exame morfológico, pela pesquisa do parasita na gota espessa (GE) e pela identificação da espécie no esfregaço de sangue periférico (ESP). É complementado pela pesquisa de antigénio de Plasmodium, por teste rápido imunocromatográfico.
A determinação da parasitémia é apenas realizada nos casos de infecção por Plasmodium falciparum, e a sua importância deve-se à necessidade de vigiar a eficácia terapêutica para o controlo de resistências. Uma parasitémia superior a 5% já é considerada grave.
A doença drepanocítica (SS e AS) ocorre devido a uma alteração estrutural da hemoglobina. Quando em condições de hipoxia, a hemoglobina S polimeriza, formando cristais tactóides que precipitam a falciformação. Está documentado que esta hemoglobinopatia confere um efeito protector contra a infecção por Plasmodium falciparum.
Objectivos: Apresentação de dois casos clínicos de malária, com achados incomuns no exame microscópico do ESP e GE.
Casos Clínicos:
Caso 1: Homem de raça negra de 45 anos de idade, com diagnóstico de drepanocitose SS, com complicações secundárias à mesma, recorre ao Serviço de Urgência por dores toraco-abdominais, cansaço e febre há 3 dias. Foi internado com diagnóstico de crise vaso-oclusiva, não apresentando melhorias apesar da terapêutica. Após agravamento do quadro clínico com insuficiência cardio-respiratória, o doente é internado na UCI. Foi- lhe pedido, devido a viagem recente a África, uma pesquisa de Plasmodium, que é positiva, com parasitémia de 5% de eritrocitos infectados, observando-se gametocitos e trofozoitos de P falciparum e também esquizontes da espécie P Malariae.. Iniciou terapêutica anti-parasitária, com melhoria clínica e analítica.
Caso 2: Mulher caucasiana de 81 anos de idade, levada ao Serviço de Urgência por ser
encontrada caída em casa por lipotímia, sem perda de conhecimento, com sintomas de odinofagia, vómitos, diarreia e dores, sem melhoria ao tratamento antibiótico. Tem história de viagem a África há uma semana. Por suspeita de malária, é pedido uma pesquisa uma pesquisa de Plasmodium que foi positiva para a espécie Plasmodium falciparum. Apresentava uma parasitémia de 51%% de eritrocitos infectados e uma pesquisa de antigénio inicial negativa. A doente entrou em falência multi-orgânica, com choque séptico e morreu no dia seguinte dos eu ingresso no CHLC.

Conclusão: Estes dois casos clínicos são apresentações raras de malária. No primeiro caso, um doente com duplo parasitismo em que habitualmente a hemoglobina S confere protecção contra o Plasmodium falciparum. No segundo caso, uma parasitémia muito elevada (>50%) que condicionou o teste rápido falsamente negativo (positivou com a diluição da amostra de sangue) e uma evolução fulminante.

Palavras Chave: Plasmodium, Malária