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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS VOLUNTÁRIAS NA ADOLESCÊNCIA: UMA NOVA REALIDADE?

Filipa Marques1, Rita Rodrigues2, Anaxore Casimiro1, Gabriela Pereira1, Margarida Santos1

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
2 - Unidade de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

16º Congresso Nacional de Pediatria. Albufeira, 22-24 de outubro de 2015 (Poster com discussão)

Resumo:
Introdução: A ingestão medicamentosa voluntária (IMV) como tentativa de suicídio é realidade crescente em Pediatria. As relações familiares conflituosas, perturbações psiquiátricas e acesso fácil à medicação são fatores de risco para conduta suicida.
Apresentamos dois casos de adolescentes, medicados por patologia psiquiátrica, admitidos em Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP) por IMV.
Relato dos Casos:
Caso1: Rapaz, 16 anos, antecedentes familiares e pessoais de depressão com ideação suicida. Seguido em consulta de Pedopsiquiatria (CPP), com dois internamentos anteriores, medicado com amissulpride, quetiapina e valproato de sódio (VPS). Admitido na UCIP por IMV sugestiva de intoxicação grave por neurolépticos. Por GCS 3, foi  entubado e ventilado durante 2 dias, com melhoria do estado de consciência. Transferido em D9 para a Unidade de Pedopsiquiatria (UPP), com oscilações de humor e insónia, medicado com lítio, aripripazol, melatonina e clonazepam com melhoria do humor e crítica para o sucedido.
Caso2: Rapariga, 12 anos, pais separados e contexto familiar disruptivo. Seguida em CPP por depressão e automutilações, medicada com fluoxetina e quetiapina. Admitida na UCIP por IMV com medicação prescrita com alteração do estado de consciência, convulsão tónico-clónica generalizada e catatonia compatível com síndrome maligno dos neurolépticos. Medicada com lorazepam e VPS com melhoria do estado de consciência e distonia, mantendo distimia e ideação suicida. Transferida em D5 para UPP, medicada com olanzapina, com melhoria progressiva.
Conclusões: Estes casos ilustram uma nova realidade, envolvendo contextos familiares e pessoais complexos, com acesso facilitado a fármacos  potencialmente fatais, exigindo uma revisão de atitudes na sua prescrição.

Palavras Chave: Adolescentes, intoxicações, ideação suicida