imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

INFECÇÃO A RINOVÍRUS EM CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS: QUE SIGNIFICADO?

Ana Neves1, Jenny Gonçalves1, Filipa Marques1, João Farela Neves1, Raquel Ferreira1, Margarida Santos1

1- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

- XVIII Reunião Nacional de Cuidados Intensivos Pediátricos. Porto, 16 de abril de 2015 (Poster com apresentação)

Resumo:
Introdução: Apesar de classicamente estarem associados a rinofaringite, estudos recentes sugerem que os Rinovírus humanos podem ser causa de infecção respiratória baixa grave. Por outro lado, em coinfecção, podem associar-se a aumento da morbilidade e pior prognóstico.
Objetivos: Analisar as características dos doentes com infecção a Rinovírus internados numa unidade de cuidados intensivos pediátricos (UCIP).
Material e métodos: Estudo retrospetivo analítico descritivo, elaborado através da consulta dos processos clínicos de crianças admitidas numa UCIP de um hospital terciário, entre Janeiro de 2011 e Fevereiro de 2015, com diagnóstico de infecção por Rinovírus. O Rinovírus foi pesquisado em crianças com sintomatologia respiratória por PCR multiplex para vírus respiratórios. Analisaram-se variáveis demográficas, clínicas e analíticas.
Resultados: Foram identificados 11 doentes com PCR para Rinovírus positiva (0,8% do total de internamentos, n=1375 doentes). A mediana de idade foi 9 meses (2 meses-7 anos), 9 do sexo masculino. Verificou-se maior incidência entre os meses de Outubro a Janeiro (9/11), e a maioria dos casos ocorreu em 2014 (7/11). Identificaram-se comorbilidades em 8/11 doentes. À admissão 9/11 doentes apresentavam infecção respiratória e 2 desenvolveram sintomatologia respiratória durante o internamento, com necessidade de suporte ventilatório em 10/11 doentes. Em 5 doentes o Rinovírus foi o único agente isolado, 4 com sintomatologia respiratória grave à admissão, dos quais 2 sem comorbilidades identificadas. Foi identificada coinfecção em 6 doentes. Faleceram 2/11 doentes (um com imunodeficiência combinada grave e infecção disseminada por Mycobacterium bovis, com falência multiorgânica, e um com insuficiência respiratória crónica e défices neurológicos graves, o que motivou limitação terapêutica).
Conclusões: O Rinovírus humano pode ser eliminado nas secreções da nasofaringe durante 6 semanas após a infecção aguda. Apesar de estudos recentes apontarem o rinovírus como causa de infecção respiratória grave, persistem dúvidas em relação ao seu papel em doentes internados em UCIP, quer em situações em que é o único agente isolado, quer em situações de coinfecção. Constataram-se comorbilidades em 73% e coinfecção em 55% dos casos, a maioria ocorrendo em 2014 (64%), contudo, a amostra reduzida deste estudo limita as conclusões a retirar. A pesquisa sistemática por PCR em amostras respiratórias em todos os doentes admitidos em UCIP poderá contribuir para esclarecer o significado das infeções por este agente.

Agradecimentos: Agradecemos a colaboração da Dr.ª Rita Côrte Real, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE.

Palavras Chave: Rinovírus, cuidados intensivos, infecção respiratória