1 – Centro Hospitalar Lisboa Central
2 – Laboratório de Patologia Clínica
3 – Secção de Biologia Molecular
- Reunião Institucional – poster
Resumo:
Introdução:
A infecção por Chlamydia trachomatis (CT) mantém-se como a infecção sexualmente transmitida (IST) mais frequente na Europa, de acordo com o último relatório do ECDC. O maior número de casos notificados pertence ao género feminino, com cerca de 68%, entre os 15 e 24 anos. A transmissão é essencialmente heterossexual. Pelo contrário, a infecção por Neisseria gonorrhoea (NG) é reportada cerca de três vezes mais nos homens sendo as idades entre os 15 e os 24 anos responsáveis por 41% dos casos. Mais de um terço das infecções (38%) foi notificado em homens que tiveram sexo com homens. O aumento das notificações das IST está relacionado com a qualidade dos testes de diagnóstico, o aumento da vigilância destas infecções e a introdução de programas de rastreio em alguns países europeus.
Material e métodos: Foram analisadas de forma consecutiva 1241 amostras com pedidos de detecção de CT e NG por Polymerase Chain Reacyion (PCR) no ano de 2014. Os pedidos foram provenientes, na sua maioria, das Consultas Externas de DST e Medicina/Infecciologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), das Consultas Externas da Maternidade Alfredo da cCosta (MAC), Consultas Externas do hospital de dona Estefânia (HDE) e Infecciologia do Hospital de Curry Cabral (HCC). O teste de PCR em tempo real utilizado baseou-se na amplificação simultânea do ADN bacteriano, por reação de polimerização em cadeia, sendo a detecção efectuada por um aumento de fluorescência devido à hidrólise de sondas Taqman reportado como um valor de threshold (Ct) pelo termociclador em tempo real, Rotor-Gene Q. O ADN bacteriano foi obtido através de um teste automático de extracção de ácidos nucleicos - Nuclisens EasyMAG, BioMérieux.
Resultados: As 1241 amostras apresentaram a seguinte distribuição: urina (n=435) e exsudados do endocolo (n=550), uretral (n=60), anal/rectal (n=95), oral/orofaríngeo (n=64), ocular (n=30) e 7 de origem desconhecida. Neste estudo não foram analisadas os resultados dos exsudados oculares positivos para CT/NG de recém-nascidos (n=6) em que a transmissão foi perinatal. A nossa população de estudo consistiu em 151 amostras positivas (12% do total) para CT ou NG ou para os dois agentes (n=16 - 10%). Foram identificadas amostras positivas para CT (51%) em 82 doentes - 45 mulheres (55%) e 37 homens (45%) com uma idade média de 21 e 29 anos, respectivamente. O tipo de amostra predominante, encontrado no género feminino, foi o exsudado do endocolo - 83% e no género masculino foi a urina (60%). 4 doentes apresentaram 2 tipos diferentes de amostra. No que respeita às amostras positivas para NG (49% do total) verificámos que pertenciam a 69 doentes, 15 mulheres (22%) e 54 homens (78%) com idades médias de 21 e 31 anos, respectivamente, A amostra predominante no género feminino foi o exsudado do endocolo (75%) e no género masculino foi o uretral (32%) logo seguido da urina (28%).
Conclusões: Como nos outros países da Europa que notificam as IST, encontrámos um predomínio (discreto) da infecção por CT, numa faixa etária mais jovem e constituída maioritariamente por pessoas do género feminino quando comparada com a IST a NG em que o predomínio no género masculino foi evidente. Não foi possível conhecer o tipo de transmissão sexual das duas IST por falta de informação clínica. A elevada taxa de positividade para CT/NG é explicada pela origem da nossa população, proveniente de consultas especializadas em IST.
Palavras Chave: Chlamydia, IST