Unidade de Infecciologia Pediatrica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa.
16º Congresso Nacional de Pediatria, Albufeira, 22-24 de Outubro de 2015 (Poster).
Resumo:
Introdução: Na época 2014-2015, o subtipo A (H3) pertenceu a um grupo geneticamente diferente da estirpe vacinal. Pelas características do vírus, a vacina pode não ter concordância total com as estirpes circulantes.
Objetivo: Caracterizar a gripe numa população pediátrica internada num hospital terciário durante o referido ano,
Métodos: Estudo descritivo, de Outubro de 2014 a Março de 2015. Foram avaliados dados sociodemográficos, epidemiológicos, estado vacinal, clínica, complicações e terapêutica. O vírus foi identificado por PCR nas secreções respiratórias.
Resultados: Registaram-se 28 casos, com uma mediana de 2 anos (mín-1 mês, max-13 anos), com um pico em Janeiro e Fevereiro (92,9%). Predominou o influenza B (50%), seguido de H3N2 (39,3%) e H1N1 (10,7%). A patologia respiratória mais foi a mais frequente (75%). Apresentavam doença crónica 15/28 (53,6%): doença neurológica (7), asma/pieira recorrente (5), doença hematológica (3) imunodeficiência primária (1) e outras (3). Apenas 2/28 (7,1%) crianças estavam vacinadas e 14/28 (50%) foram medicados com oseltamivir. Houve complicações em 19 (67,9%) casos: hipoxemia (16), coinfecção bacteriana (8), atelectasia (6), sépsis (3) e derrame pleural (1). 25% necessitaram de cuidados intensivos.
Registou-se maior número de complicações na ausência de vacinação (p=0,03). Nenhuma criança vacinada teve complicações. A infeção por H3N2 não se associou a um risco aumentado de complicações (p=0,39).
Conclusões: O facto de neste ano, o influenza B ter sido predominante minimizou a ausência de protecção vacinal para o vírus H3N2. A vacinação dos grupos de risco fundamental para diminuir complicações potencialmente graves de uma doença considerada benigna, continua a ser insuficiente.
Palavras Chave: Gripe, complicações, vacina, oseltamivir.