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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FUNÇÃO TIROIDEIA EM DOENTES COM PERTURBAÇÕES AFETIVAS – CASUÍSTICA DE INTERNAMENTO.

Ana Moreira1, Ana Margarida Mota2, Marina Brito2, Rute Pacheco Alves2, Maria Alice Nobre3

1 Interno de Formação Específica em Pedopsiquiatria, Clínica da Encarnação, Área de Pedopsiquiatria, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE.
2 Interno de Formação Específica em Psiquiatria, Clínica 5 - Perturbações Afetivas e Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
3 Psiquiatra, Chefe de Serviço da Clínica 5 - Perturbações Afetivas e Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

Reunião Nacional – XXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Apresentação sob forma de poster.

Resumo:
Introdução: A disfunção tiroideia parece ter implicações nas perturbações psiquiátricas. Tem sido associada em particular às perturbações do humor, porém o seu impacto na evolução da doença e resposta ao tratamento não está totalmente esclarecido. Concomitantemente, o envelhecimento da população que recebe cuidados em Saúde Mental leva a um aumento do risco epidemiológico de doença tiroideia.
Objetivo: Avaliar a prevalência de alterações da função tiroideia num serviço de internamento psiquiátrico de agudos. Refletir sobre a pertinência de uma avaliação de triagem da função tiroideia na admissão.
Material e métodos: Estudo observacional, retrospetivo e descritivo, com colheita de dados clínicos e analíticos, relativo aos episódios de internamento do 1º semestre de 2015, de um serviço de internamento psiquiátrico de agudos preferencialmente dedicado às perturbações afetivas. Análise estatística global e por grupo de diagnóstico.
Resultados: Incluíram-se 320 episódios de internamento (37% sexo masculino; idade média 51.9±16.1 anos; duração média 13.9±13.5 dias), dos quais 222 com doseamentos de TSH à entrada. Verificaram-se alterações da função tiroideia em 11.3% dos casos, sem diferenças estatisticamente significativas entre grupos diagnósticos. Cerca de 20% das mulheres, e nenhum homem, estavam sob terapêutica de substituição com hormona tiroideia, que se associou à presença de perturbações bipolares nas mulheres não-idosas.
Conclusão: O presente estudo documentou uma prevalência elevada de disfunção tiroideia em todos os grupos diagnósticos - e em particular nas mulheres com perturbações bipolares e da personalidade - reforçando a pertinência clínica da avaliação da função tiroideia em contexto de saúde mental. Estudos de maiores dimensões poderão precisar diferenças clínico-epidemiológicas entre diferentes grupos diagnósticos.

Palavras-chave: perturbações afetivas, função tiroideia.