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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FEOCROMOCITOMA – UMA CAUSA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA

Inês Serras1; Rute Baptista2; Telma Francisco3; Margarida Abranches3

1 - Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Algarve, Unidade de Portimão;
2 - Unidade de Pediatria Médica 5.1, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, CHLC, Lisboa;
3 - Unidade de Nefrologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, CHLC, Lisboa

– 16º Congresso Nacional de Pediatria, 22-24/10/2015, Albufeira (Poster com discussão)

Introdução: A investigação etiológica de hipertensão arterial (HTA) grave deve contemplar a  hipótese de feocromocitoma. É uma entidade rara, potencialmente fatal, cuja ressecção cirúrgica permite a resolução do quadro hipertensivo em 80% dos casos, evitando considerável morbilidade.
Relato de caso: Rapaz 10 anos de idade, natural de Cabo Verde, evacuado por cefaleias, encefalopatia transitória, convulsões, HTA (180/130mmHg), com 8 meses de evolução. Durante o internamento objectivou-se perfil tensional lábil com HTA de difícil controlo farmacológico. Da investigação complementar destaca-se elevação do ácido vanilmandélico urinário, das normetanefrinas urinárias e da renina plasmática. Identificaram-se alterações compatíveis com encefalopatia posterior reversível na TC de crânio. A ecografia abdominal com doppler revelou massa retroperitoneal vascularizada na emergência da artéria renal esquerda com diminuição do fluxo no pico sistólico e a cintigrafia com MIBG mostrou hipercaptação da suprarrenal esquerda. Procedeu-se à excisão da massa por laparotomia. No exame macroscópico da peça operatória era evidente a impressão dos vasos renais. Manteve HTA (>p99) nas quatro semanas após a cirurgia, com normalização progressiva do perfil tensional e redução dos antihipertensores. Aos seis meses de follow-up mantem-se assintomático, sem necessidade de terapêutica antihipertensora, com normalização da renina, catecolaminas e fluxometria dos vasos renais.
Conclusões: A encefalopatia hipertensiva é uma complicação grave que reforça a importância da monitorização da TA na vigilância de Saúde Infantil. O presente caso clínico destaca ainda a possibilidade na etiologia da HTA da coexistência de tumor produtor de catecolaminas e de componente renovascular por compressão da artéria renal.

Palavras Chave: hipertensão arterial, feocromocitoma