Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa
Divulgação:
- XIV Jornadas Nacionais de Infecciologia Pediátrica – Guimarães, 18 e 19 de Junho 2015 (Poster)
Resumo:
Introdução: A infecção VIH na idade pediátrica tem diminuído significativamente nas últimas décadas, com a implementação das medidas de prevenção da transmissão vertical. Apresentam-se dois casos clínicos de diagnóstico inaugural de infecção pelo VIH realizados na 2ª infância apos transmissão vertical.
Descrição: Caso 1: Menino, 8 anos, natural de São Tomé, referenciado por disartria, e paraparésia espástica e regressão do desenvolvimento a esclarecer. No exame objectivo apresentava candidose oral e lesões cutâneas nodulares umbilicadas generalizadas. A RM_CE revelou atrofia cortico-subcortical difusa associada a depleção neuronal, alterações multifocais discretas da substância branca e atrofia medular envolvendo os cordões posteriores/laterais. Foi confirmada infecção pelo VIH-1, com carga vírica elevada no sangue e líquido cefalorraquidiano, excluindo-se outros microrganismos. Classificado como C3 (148mm3 linfócitos TCD4+), com encefalopatia VIH e molusco contagioso extenso, iniciou TARV verificando-se melhoria progressiva clínica da encefalopatia e laboratorial.
Caso 2: Menina, 7 anos, oriunda da Guiné-Bissau, com múltiplos internamentos nesse país desde os 3 anos, por discrasia hemorrágica muco-cutânea, otite crónica e atraso no desenvolvimento. Foi internada por febre, otorreia bilateral e gengivorragia e epistáxis com trombocitopenia e a anemia. Apresentava-se emagrecida com candidose orofaríngea extensa. Simultaneamente foi diagnosticada mastoidite bilateral com isolamento de Klebsiella pneumoniae multirresistente. Fez imunoglobulina endovenosa sem resposta eficaz. Confirmada infecção VIH-1, com carga vírica elevada, estadio B3 (109mm3 linfócitos TCD4+), iniciou TARV, com normalização laboratorial (contagem plaquetária, TCD4+ e carga vírica).
Conclusão: Na última década os diagnósticos inaugurais de infecção VIH na criança são cerca de 1%, correspondendo na sua maioria a casos importados. Pela histórica ligação a países de língua oficial portuguesa, Portugal recebe imigrantes com mães cuja gravidez não foi vigiada. A suspeita para o diagnóstico é fundamental para uma terapêutica eficaz visando a diminuição da mortalidade e evitando morbilidades a longo prazo.
Palavras Chave: VIH pediátrico; diagnóstico inaugural; transmissão vertical