1-Unidade de Neuropediatria, Hospital Dona Estefânia, CHLC;
2-Departamento de Bioengenheria, Instituto Superior Técnico;
3-Departamento de Neuropediatria, Hospital San Joan de Déu;
4-Instituto de Farmacologia e Neurociências, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa;
5-Instituto de Medicina Molecular; Universidade de Lisboa
- 27º Encontro Nacional de Epileptologia, 13 e 14 de Março de 2015, Coimbra (comunicação oral)
Introdução: As células pluripotentes induzidas constituem uma possibilidade única para o estudo de tipos específicos de células humanas em laboratório. A partir da biópsia de pele de um doente podemos obter células pluripotentes que são depois conduzidas à diferenciação em neurónios para estudo.
Objectivos: Foi colocada a hipótese de alteração da função GABAérgica inibitória na Síndrome de Rett, baseada em alterações de proteómica no liquor destes doentes. O objectivo deste trabalho é testar esta hipótese em neurónios com mutações no gene MECP2.
Metodologia: Recolhemos fibroblastos de doentes com Síndrome de Rett. As células foram cultivadas e expostas a um vector viral com quatro factores de transcrição cuja expressão simultânea induz a pluripotência. As células pluripotentes foram depois cultivadas em condições especiais para obter rosetas corticais neuronais que são diferenciadas em progenitores neuronais. Após 120 dias em cultura, são observados neurónios e células gliais. Com técnicas de neurofisiologia podemos detectar actividade espontânea e um padrão de disparo nestes neurónios.
Foram também realizados registos de “perforated patch clamp” (gramicidina, 25 μg/ml) e correntes pós sinápticas evocadas pelo GABA para avaliar o potencial de equilíbrio do receptor GABA A nas duas condições em estudo.
Resultados: Em condições fisiológicas, nos neurónios maduros, a activação dos receptores GABA A pelo GABA, leva à hiperpolarização da célula pela entrada de iões cloreto para o meio intracelular. Os resultados preliminares obtidos neste trabalho sugerem um aumento do potencial de reversão do receptor GABA A na Síndrome de Rett, provocando uma resposta despolarizante na presença de GABA, no caso das células com mutação MECP2.
Conclusões: Os resultados preliminares sugerem uma disfunção GABAérgica na Síndrome de Rett que pode contribuir para a maior frequência de epilepsia nestes doentes.