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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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MALFORMAÇÕES ARTERIOVENOSAS CEREBRAIS: TERAPÊUTICA ENDOVASCULAR E DE SUPORTE

Tiago Milheiro Silva1, Marisa Inácio Oliveira1, Anaxore Casimiro1, Sérgio Lamy1, Vera Brites1, Isabel Fragata2, João Reis2, Amets Irañeta3, Margarida Santos1

1 – Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
2 – Unidade de Neurorradiologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
3 – Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

- XVIII Reunião Nacional de Cuidados Intensivos Pediátricos. Porto, 16 de abril de 2015 (comunicação oral)
- Reunião da Área de Pediatria Médica do Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE. 3 de março de 2015

Resumo:
Introdução: As malformações artério-venosas (MAV) cerebrais são a principal causa de AVC hemorrágico em idade pediátrica, representando 1-2% de todas as causas de AVC nesta idade. A apresentação clínica é muitas vezes exuberante (hemorragia intracraniana, convulsões ou cefaleias) e está associada a uma mortalidade importante. A terapêutica das MAV implica a ponderação cuidadosa entre os riscos da evolução natural das mesmas e os riscos da intervenção.
Caso Clínico: Lactente de 3 meses que em contexto de alteração do estado de consciência e movimentos clónicos dos membros esquerdos recebe, após realização de TC CE e angio-RM CE, o diagnóstico de malformação aneurismática da veia de Galeno, associada a fenómenos de hipertensão da vertente venosa e focos hemorrágicos corticais com hemorragia subaracnoideia aguda interhemisférica direita. Internada em UCIP para vigilância clínica e estabelecimento de plano terapêutico, verificou-se novo episódio convulsivo com evidência radiológica de hematoma parietal esquerdo de novo, motivando intervenção terapêutica urgente. Procede-se a embolização endovascular de 2 aferentes das artérias coroideias com redução parcial do debito da fístula. A TC de controlo demonstrou volumoso hematoma da fenda interhemisférica com necessidade de ventilação invasiva. Após melhoria clínica e imagiológica e dado risco de recorrência é realizada uma 2ª embolização endovascular com oclusão de artéria pericalosa esquerda e 2 aferentes da coroideia posterior esquerda verificando-se marcada redução do débito fistuloso. Aos 9 meses de idade apresenta um adequado desenvolvimento psicomotor, sem novos episódios convulsivos. Foi programada nova embolização para os 12 meses de idade.
Comentários: As MAV cerebrais são entidades raras e complexas. Apesar dos avanços terapêuticos dos últimos anos a sua abordagem contínua a representar um enorme desafio clínico. É feita uma análise casuística dos últimos cinco anos de internamento na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP) por MAV cerebral onde foi realizado procedimento endovascular com intuito terapêutico, pondo em evidência a experiência do Centro Hospitalar no tratamento e seguimento destes doentes. A evidência científica actual é limitada no sentido de orientar as decisões terapêuticas pelo que estas decisões devem ser tomadas caso a caso por uma equipa multidisciplinar experiente, incluindo Neurocirurgia, Neurorradiologia de Intervenção e Intensivos Pediátricos.

Palavras Chave: MAV, Endovascular, Cuidados Intensivos